Conferência junta especialistas em torno da educação e comunidades ciganas
O Agrupamento de Escolas Santo António, no Barreiro, acolheu esta quinta-feira, dia 30 de novembro, a conferência e workshop “Educação e Comunidades Ciganas”, uma iniciativa promovida pela Direção-Geral de Educação (DGE), em parceria com o ACM, a Agência Nacional para a Qualificação e o Ensino Profissional (ANQEP) e o Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ).
A conferência, realizada no âmbito da Estratégica Nacional para a Integração das Comunidades Ciganas, teve como objetivo destacar a importância da boa integração de todos os alunos no sistema educativo e na comunidade, tendo em vista a promoção do sucesso escolar.
Com os programas e as experiências internacionais desenvolvidas com estas comunidades em debate, a sessão decorreu na presença do Secretário de Estado da Educação, João Costa, da Secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, Rosa Monteiro, bem como do Alto-Comissário para as Migrações, Pedro Calado, e do Diretor-Geral da Educação, José Vítor Pedroso.
Relembrando que “sozinha, a Escola não consegue nada, se não houver um abraço comunitário” na resolução de problemas de integração de alunos ciganos, o Secretário de Estado da Educação apelou a que “não sejam as famílias ou as próprias escolas os agentes de segregação”.
Confiante de que o caminho para esta inclusão possa passar pela Estratégica Nacional para a Cidadania, Rosa Monteiro recorda a introdução da educação para a cidadania nos programas curriculares das escolas. Um “passo significativo na implementação desta estratégia que assenta em cinco eixos: Educação, Habitação, Saúde, Emprego e um eixo transversal que abrange a igualdade de género, a educação para a cidadania, justiça, entre outros”.
A Secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade disse ainda acreditar “profundamente no papel que a educação e os agentes educativos podem ter neste caminho de mudança, fazendo a integração dos portugueses, que sendo de comunidades ciganas são os que mais sofrem de discriminação.”
Comunidades com voz ativa na discussão dos problemas
Enaltecendo o período áureo que vive o associativismo cigano em Portugal, o Alto-Comissário para as Migrações, Pedro Calado, frisou os efeitos que este tem tido na “capacidade de agir e estabelecer um diálogo permanente com as comunidades ciganas”, permitindo alcançar mudanças estruturais.
Ainda assim, Pedro Calado recorda o atraso na implementação de medidas para a integração: “Faz, em 2018, 500 anos sobre o primeiro registo da chegada dos ciganos a Portugal, mas só no século XVIII é que os considerámos portugueses como nós (...) e só há 15 anos é que tivemos as primeiras políticas públicas com algum impacto”. Tal está já em contraponto, com a atualidade, onde “há programas dos quais todos nos orgulhamos, mas estamos, talvez, no degrau um de 20 que temos de subir para chegarmos onde queremos chegar”, frisa.
Ainda durante a cerimónia de encerramento da conferência, o Alto-Comissário para as Migrações anunciou a que, nos próximos tempos, arranca um programa de mediação escolar, bem como “um programa de inserção socioprofissional, onde queremos testar novas metodologias, com emprego apoiado, para o qual o exemplo de Espanha tem sido uma inspiração incrível”.
Nova coordenação do Observatório das Comunidades Ciganas
A partir de janeiro de 2018, Maria José Casa-Nova irá assumir a nova coordenação do Observatório das Comunidades Ciganas (ObCig), integrado no ACM. A Docente, investigadora e atual coordenadora do Núcleo de Educação para os Direitos Humanos da Universidade do Minho foi convidada para assumir o cargo pela Secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, que agora tornou publica a decisão.