Intersecionalidade - Seminário junta especialistas nacionais e internacionais no CNAIM de Lisboa
Especialistas nacionais e internacionais em desigualdades intersecionais reuniram-se esta segunda-feira, dia 27 de maio, no CNAIM de Lisboa, para participar no Seminário Internacional sobre Intersecionalidade: A situação das mulheres negras e afrodescendentes. A iniciativa, organizada em parceria pelo ACM, através da Equipa de Projeto de Intersecionalidade, e a Rede Europeia das Mulheres Migrantes, contou com a presença da Secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, a intervir na Sessão de Encerramento.
Enquadrado nas atividades promovidas para a Década Internacional de Afrodescendentes das Nações Unidas, este Seminário veio também celebrar também o Dia de África, assinalado a 25 de maio. A Vogal do Conselho Diretivo do ACM, Romualda Fernandes, fez a abertura da sessão de trabalhos, realçando a pertinência do tema, bem como o trabalho desenvolvido pelo ACM na área do Mainstreaming de género: “Este é um momento que nos enriquece, sobretudo por ser propício à reflexão em grupo e à partilha de conhecimentos e experiências”.
Rosa Monteiro não deixou de destacar também a importância de aprofundar o diálogo e de estruturar a intervenção nesta área. "A perspetiva da intersecionalidade é incontornável!. Cada vez mais, há que olhar as realidades numa ótica de diversidade”, num cenário em que “a discriminação resulta da interseção de vários fatores, que vão desde a raça, à idade, à nacionalidade, à sexualidade, entre muitos outros”.
O aumento da feminização dos fluxos migratórios, alterando o paradigma do reagrupamento familiar, implica a necessidade de uma maior intervenção nesta área: “As mulheres representam 51% da população estrangeira residente em Portugal”, referiu Rosa Monteiro, acrescentando ainda, reportando-se aos dados revelados no Relatório Anual da Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial (CICDR), que “em 2018, 47% das queixas por discriminação racial foram apresentadas por mulheres”.
“Em Portugal, há um longo caminho a percorrer nesta esfera de intervenção”, considerou a Secretária de Estado, salientando a intervenção do ACM a este nível, materializada na criação de uma equipa de projeto centrada na Intersecionalidade. “Há tudo para fazer neste domínio e a nossa resposta não pode não ser intersecionada”, alertou.
Enquadramento, reflexões e experiências
Elsa Faria, da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG), pertencente à equipa de projeto Desigualdades Intersecionais, e Vera Eloi da Fonseca, do ACM, dedicada à área Maintreaming de Género, fizeram um enquadramento do tema.
Em torno da Intersecionalidade: A situação das mulheres negras e afrodescendentes, juntaram-se a Presidente da Rede Europeia das Mulheres Migrantes, Salomé Mbugua, a representante do Comité das Nações Unidas da Convenção Contra Todas as formas de discriminação Contra as Mulheres, Dalia Leinarte, responsável pelo Keynote speech, assim como várias ativistas e lideres associativas.
Acerca das “Desigualdades intersecionais – a situação das mulheres negras e afrodescendentes”, um Painel moderado por Luzia Moniz, Presidente da Plataforma para o Desenvolvimento da Mulher Africana (PADEMA), intervieram: Linda Bellos, Ativista política, fundadora da Black HIstory Month In the UK; Joacine Katar Moreira, da INMUNE – Instituto da Mulher Negra em Portugal; Ilidiacolina Vera Cruz, da mén mom – Associação de Mulheres de São Tomé e Príncipe em Portugal; Raquel Rodrigues, da FEMAFRO – Associação de Mulheres Negras, Africanas e Afrodescendentes em Portugal; e Sodfa Daaji, da Afrika Youth Movement.
A partilha de reflexões, experiências e sugestões sobre como atuar ao nível das medidas de integração e contra a discriminação de mulheres negras e afrodescendentes marcaram a dinâmica de grupo suscitada pelas Mesas Redondas.
A história da mulher africana em imagens
A professora Isabel Castro Henriques apresentou a Brochura “Mulheres Africanas em Portugal: O Discurso das Imagens”, da sua autoria, destacando o poder das imagens em contar a história da mulher africana em Portugal, desde o século XV ao XX. Uma história que fala de integração, através do trabalho e outras vertentes da vida quotidiana, mas também reveladora de duros preconceitos sociais.
A intersecionalidade num "Portugal + Igual"
A intersecionalidade é uma das dimensões estratégicas da Estratégia Nacional para a Igualdade e a Não Discriminação 2018-2030 “Portugal + Igual”, competindo ao ACM o desenvolvimento de vários indicadores incluídos nos Planos que integram esta Estratégia. A organização deste Seminário Internacional sobre a situação das mulheres negras e afrodescendentes em Portugal insere-se numa das Medidas do Plano para a Igualdade entre Mulheres e Homens (2018-2021).
Este Seminário é cofinanciado pelo Programa Operacional Inclusão Social e Emprego (POISE), através do Fundo Social Europeu (FSE), no âmbito do Portugal 2020.