Dia Internacional das Raparigas: Campanha de sensibilização sobre casamentos infantis, precoces e forçados
Neste Dia Internacional das Raparigas, 11 de outubro, a Secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, Rosa Monteiro, e o Grupo de Trabalho para a prevenção e combate aos casamentos infantis, precoces e forçados, criado em fevereiro de 2021 e o qual o Alto Comissariado para as Migrações (ACM) integra, assinalam a data com uma campanha informativa dirigida a profissionais dos serviços públicos e técnicos/as com intervenção no terreno para desconstruir mitos associados a estas práticas e dar a conhecer alguns dos principais sinais de alerta a ter em conta.
As raparigas são mais afetadas por este fenómeno do que os rapazes por se encontrarem particularmente vulneráveis e expostas à violência na intimidade, ao tráfico para exploração sexual, à gravidez indesejada, com riscos de morte materna e infantil e com maior probabilidade de abandono escolar.
O Grupo de Trabalho foi criado em fevereiro deste ano pela Secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade e reúne um conjunto de especialistas e serviços relevantes nesta matéria – como são exemplo o ACM, a Procuradoria-Geral da República, o Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses, a Polícia Judiciária, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), a UNICEF Portugal bem como organizações da sociedade civil com serviços na área da violência e do tráfico de seres humanos.
Para compreender a realidade, importa também auscultar quem trabalha no terreno, bem como analisar e compreender de que forma a criminalidade conexa se interseciona com os casamentos infantis, precoces e forçados e molda a forma como os/as profissionais a interpretam e intervêm. Esta é uma prática muitas vezes imiscuída em contextos criminais que envolvem tráfico de seres humanos, rapto, abusos sexuais, violência doméstica e até homicídio.
Em Portugal, o casamento forçado é crime público (Lei n.º 83/2015) mas as leis, por si só, não conseguem acabar com as práticas tradicionais nefastas, exigindo-se uma política de tolerância zero e a adoção de medidas de que sejam capazes de desafiar e desconstruir as assimetrias de poder que estão na base da perpetuação destes fenómenos, munindo os/as profissionais das ferramentas necessárias para identificar, sinalizar e denunciar, intervindo para capacitar as populações nos seus territórios e apoiar as vítimas.
Esta campanha é o primeiro passo de um desígnio coletivo pelos direitos das raparigas e mulheres, pela escolha livre e esclarecida.
Ao longo deste dia pode acompanhar, nas plataformas e redes sociais da Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género (CIG), a publicação de mitos e factos associados a esta prática tradicional nefasta, bem como descarregar a brochura para profissionais.