Freixo de Espada a Cinta - refugiado eritreu lança “Confidências Censuradas”
O Freixo Festival Internacional de Literatura arrancou esta quinta-feira, dia 1 de junho, em Freixo de Espada à Cinta, tendo como ponto alto a presença de Tsegay Mehari, refugiado eritreu, exilado na Suécia, que veio expressamente para o lançamento do seu livro “Confidências Censuradas”.
A apresentação da obra contou com a presença do Alto-Comissário para as Migrações, Pedro Calado, que, partindo deste livro, falou sobre a “coragem e determinação” de quem migra, “deixando tudo para trás”, levando a “esperança como combustível”.
A integração no país que os acolhe, bem como o papel valioso da sociedade neste processo foram temas também abordados pelo Alto-Comissário, realçando a este nível a importância de valores como a “partilha” e a “solidariedade”.
A ocasião contou ainda com as presenças da Presidente da Câmara Municipal de Freixo, Maria do Céu Quintas, e de Avelina Ferraz, Editora e Diretora da Editorial Novembro, chancela responsável pela edição, promoção e publicação do livro de Tsegay Mehari.
Mais de 150 poemas escritos em papel higiénico
“Confidências Censuradas”, traduzido do original “Pots of My Mother”, tem o prefácio de Frei Mussie Zerai, da Agenzia Habeshia para os Refugiados.
"Hoje é o dia do nascimento do meu livro e dos meus poemas. Nascem, assim, para o mundo livre das artes", declarou Tsegay Mehari, acrescentando: "Há sempre um dia e esse dia é este e eu pensei nele inúmeras vezes, enquanto estava prisioneiro na minha cela, na Eritreia. Desse lugar, eu via o mundo através de uma janela 30X30cm. (...) hoje revelo-me ao mundo e transformo a minha poesia em liberdade de expressão". O autor fez-se acompanhar, nesta sua vinda a Portugal, do seu irmão e de uma amiga.
Tsegay Mehari nasceu em Knn, uma pequena aldeia no sul da Eritreia, formou-se em Literatura (poesia e drama) e em Jornalismo. Escreveu poemas, artigos e crónicas em jornais, rádio e TV, de 2003 a 2009, ano em que foi detido, juntamente com outros artistas e jornalistas. Foi exatamente, durante os quatro anos em que esteve preso, que escreveu mais de 150 poemas, em papel higiénico.
Atualmente, Tsegay reside na Suécia e formou-se em enfermagem psiquiátrica, área em que trabalha.