Dar visibilidade às “Mulheres Africanas em Portugal”
O ACM e a Associação Cultural e Juvenil Batoto Yetu Portugal (BYP) realizaram na terça-feira, dia 22 de outubro, na sede desta associação, em Lisboa, o lançamento da publicação “Mulheres Africanas em Portugal: O Discurso das Imagens (séculos XV-XXI)”. A iniciativa, promovida no âmbito da Década Internacional de Afrodescendentes das Nações Unidas (2015-2024), contou com as intervenções da Secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, Rosa Monteiro, da autora Isabel Castro Henriques e da representante da BYP, Claudina Correia, e a presença do Alto-comissário para as Migrações, Pedro Calado. A atividade terminou com um momento cultural pelo músico Marcos Aganju.
Na ação, a Secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade destacou a importância desta iniciativa e da necessidade de “resgatar ativamente o papel e lugar de afrodescendentes no passado, presente e futuro do nosso país”, com um olhar particular para o lugar das mulheres negras e africanas na sociedade portuguesa e na sua abordagem de experiência às discriminações múltiplas e interseccionais. Um processo de visibilidade e de empoderamento que, de acordo com Rosa Monteiro, “está em marcha, nas mais variadas esferas e que faz parte da nossa abordagem de política pública de igualdade e não discriminação, assente numa visão estrutural e intersecional da discriminação e numa perspetiva concertada e suportada em conhecimento científico”.
Um movimento também materializado nesta publicação que resulta da colaboração entre a Secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, o ACM e a autora, com o apoio da Batoto Yetu Portugal (BYP), e que narra uma história da integração, através do trabalho e outras vertentes da vida quotidiana, mas também reveladora de duros preconceitos sociais, desde o século XV ao XXI.
A esta edição somam-se outras duas, da mesma autoria e colaboração, lançadas em julho de 2019 – “Roteiro Histórico de uma Lisboa Africana Séculos XV-XXI” e “A Presença Africana em Portugal, Uma História Secular: Preconceito, Integração, Reconhecimento (Séculos XV-XX)” –, bem como várias iniciativas com o mesmo objetivo: expor e reconhecer o legado e a presença de afrodescendentes, e promover a igualdade.
Isabel Castro Henriques é presidente do Centro de Estudos Africanos da História da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL) e investigadora do Centro de História da Universidade de Lisboa, membro do Comité Científico Internacional do Projeto UNESCO "A Rota do Escravo" (Paris) e presidente do Comité português do mesmo projeto.
A Década Internacional de Afrodescendentes surge da Declaração e Programa de Ação de Durban, da 3.ª Conferência Mundial Contra o Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância, assentando nos domínios: reconhecimento, justiça, desenvolvimento e discriminação múltipla ou agravada das pessoas de descendência africana. Neste âmbito, as Nações Unidas urgem os Estados a desenvolver atividades em prol do pleno aproveitamento dos direitos económicos, sociais, culturais, civis e políticos de pessoas de descendência africana, bem como a sua participação plena e igualitária em todos os aspetos da sociedade.